Arquivo | outubro, 2012

Errar é humanas. Permanecer no erro é exatas.

5 out

Tropecei essa semana nessa notícia, e fiquei matutando aquilo no meu tempo livre. Não discordo dos dados apresentados, nem da necessidade de mão de obra qualificada nas áreas de ciências exatas que se configura no país, mas o que me assombraram foram os comentários.

“Interpretar um texto é mais fácil que resolver uma equação matemática”

Vejam essa pérola da sabedoria! Parafraseando uma amiga, então fale-me mais sobre a qualidade infalível da nossa educação hoje em dia. Interpretar um texto é, certamente, mais fácil para mim, que, além de ter uma grande afinidade com a área, tem também alguma experiência no assunto.  E, preciso salientar, sempre tive uma enorme dificuldade em desenvolver raciocínios lógico-matemáticos, desde os primeiros anos de estudo.

Não, eu não acredito em talento nato. Ninguém nasce sabendo de nada, seja desenhar, cantar, dançar ou escrever. No entanto, todos temos afinidades, áreas que nos interessam mais e que nas quais vamos procurar desenvolver melhor nossas aptidões.

E, pasmem, há não muito tempo atrás eu cheguei a soltar uma pérola de sabedoria semelhante, mas no sentido contrário. “Em exatas você sabe o que esperar; ou você chega naquele resultado ou não. Em humanas, não é assim. Você faz e torce para estar certo”. Daí levei um tapa na cara moral de um amigo (que dificilmente vai lembrar dessa conversa) e me toquei da bobagem que estava dizendo.

Hoje agradeço por haver pessoas interessadas e dedicadas na área de exatas, que me permitem usar os produtos inventados por elas. Assim como agradeço aos pedagogos, com seus estudos sobre o ensino; aos historiadores, que desencavam essas coisas tão legais e interessantes de se estudar; dentre outros. E destaco: profissionais qualificados são importantes em qualquer área: letras, sociologia, antropologia, história, física, matemática, engenharia, computação e tantas outras. E um profissional qualificado não dominará apenas a sua área de conhecimento. De que adianta um programador que não saiba escrever um e-mail para um cliente? E não adianta dizer que, por escrever em Java, você não precisa conseguir se expressar. Tenho medo do dia em que você for tentar vender um produto dentro de uma empresa.

Lembro-me também de uma outra conversa, essa há (minha nossa!) quase 10 anos atrás, quando eu passei no vestibular para Letras. “Mas, Allana… Letras?”. Eu dei de ombros e sorri: “É, eu sei, vou ser professora e pobre”. E véi, na boa, não me arrependo não. E até onde eu sei, nem os alunos que tropeçaram em mim no caminho.